O estilo neutro na maneira de se vestir ganha espaço tanto entre os designers quanto na sociedade mais jovem, que ousa usar roupas de todos os tipos para mostrar uma personalidade ambígua que rompe com os estereótipos do passado
Se há várias temporadas o fenómeno da moda sem género caminhava na ponta dos pés pelas semanas de moda, agora dita tendências e consolida-se. De Ferragamo ao novo estilista Peter Do, propõem uma moda do futuro sem género, neutra.
Tecidos como seda ou penas são alguns dos elementos que já fazem parte do vestuário masculino tanto quanto feminino presentes, por exemplo, na Gucci.
Há algumas semanas, as passarelas internacionais abriram as suas apostas para as próximas coleções em busca de uma máxima comum: acabar com as barreiras de género entre homens e mulheres, tendência cada vez mais presente nas ruas das cidades e entre celebridades como Harry Styles ou Jaden Smith.
Uma dessas propostas é a do vietnamita Peter Do, que revolucionou a crítica de moda nos Estados Unidos com as suas novas coleções neutras. Vencedor do prestigiado prémio LVMH em 2020, há três semanas apresentou a sua coleção masculina em Nova York, que já se tornou uma das propostas mais esperadas.
A estilista colocou na passarela uma série de conceitos reinventados a partir de peças como a camisa, a calça, a saia e o paletó, todas apresentadas com aberturas. A proposta, vestida com modelos andrógenos, intrigava e fascinava em partes iguais um público que esperava silhuetas femininas definidas e recebia roupas adequadas e neutras para ambos os sexos.

Nas notas do programa, Do deixou clara a sua premissa, a de projetar “para seres humanos, ponto final”. Não é o único. Ferragamo apresentou a primeira coleção do estilista britânico Maximilian Davis com peças de género neutro que delineiam uma nova visão da moda masculina em todo o seu esplendor. Camisas com transparências, gola alta e glitter vestiram os modelos na passarela como parte de um novo selo para a empresa italiana.
Sensação de liberdade
Os estilistas defendem que a moda do futuro e, especificamente, aquela que desenham, é aquela em que “cada pessoa, seja de um género ou de outro, pode dar-lhe a sua própria personalidade, sentindo-se livre para poder vestir algo feminino ou masculino”. Juan Carlos Mesa, alma mater da Maison Mesa e diretor criativo dos bastidores da Del Pozo e Ágatha Ruiz de la Prada, apostava nesse fenômeno muito antes de ter seu próprio nome como sem gênero: «Agora chama-se assim, mas sempre optei por fazer moda, simplesmente, para as pessoas, ponto final».
O criador começou a desvincular-se dos cânones nos anos 90, inspirado “em pessoas incríveis como Gaultier ou Miyake que deixaram claro que nem tudo tinha que ser para o mesmo tipo de pessoa”, diz Mesa, que aposta na diversidade: “ Não posso fazer outra coisa senão vestir as pessoas como elas são, era o que eu sentia”.
As novas tendências são reflexo não só da evolução da moda, mas também da forma de pensar e viver da sociedade daquele momento. Por isso, genderless nada mais é do que a visão do mundo do século 21 como eram as peles de animais no tempo das cavernas.
Imagens: divulgação . . A moda do futuro será sem género
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