Os longos cabelos de Veronica Lake, a jaqueta vermelha de James Dean em “Rebel Without a Cause”, o estilo de Jennifer Aniston em “Friends”. Como arte de massas que é, o cinema foi e é um marco para definir tendências, embora em muitos casos não se saiba quem imita quem.
Por agora, vamos mergulhar nalguns dos exemplos mais significativos em que a influência de um filme ou uma estrela da sétima arte foi bem sucedida na criação de moda, ou pelo menos potencializada.
Um dos casos mais flagrantes é o da actriz Veronica Lake e o seu cabelo comprido que lhe tapava metade da cara. Luziu em filmes como “Casei com uma feiticeira” e numa época em que a mulher começava a fazer parte da vida laboral de uma forma mais activa, converteu-se num clássico ter recepcionistas e secretárias luzindo tal penteado, por vezes um tanto ou quanto incómodo para desenvolverem as suas funções.
Nessa época, os homens descobriram que por debaixo de uma camisa não necessitavam de usar camisola interior. Isso mesmo foi demonstrado por Clark Gable em “It Happened One Night” e nesse ano nos Estados Unidos a venda deste artigo desceu drasticamente.
Mas a camisola interior não deixou de ser utilizada, uma vez que houve uma reviravolta considerável. Foi Marlon Brando quem o demonstrou em “Um Eléctrico Chamado Desejo” que por usar camisola interior não só era elegante como também prático. Obviamente que não era qualquer um que tinha o carisma deste actor, imortal na cena em que chamava clamando à sua Estella. Muitos tentaram imitá-lo e vieram para a rua com tão peculiar vestimenta, sem qualquer sucesso.
A boina teve diferentes épocas de força sempre acompanhada por um corte de cabelo “boop”. Aos 40 anos, Greta Garbo luziu-as como ninguém em filmes como Ninotchka, mas depois mudou para um chapéu mais complicado, símbolo da sua passagem do comunismo para o capitalismo.
Em “Bonnie and Clyde” eram acompanhadas de saias justas abaixo do joelho. O seu estilo e o de Warren Beatty marcaram um retorno à década de trinta que agora ocorre graças a filmes como o último de Michael Mann, “Public Enemies”.
Brigitte Bardot montou um escândalo na década de 60 quando se casou vestindo um vestido rosa xadrez “vichy”. Jacques Sterel, estilista e amigo da actriz, escolheu o tecido mais “old-fashioned” e acertou: muitos foram aqueles que adoptaram essa roupa, não apenas para a sua cerimónia de casamento mas também no dia-a-dia.
A estética colonial atingiu o auge graças a filmes como “Out of Africa”. Os trajes amplos de linho em cores de terra, os óculos de massa e bege escuro, boinas, chapéus de abas largas, acabaram por se tornar num “must have” no final dos anos 80.
Na década de oitenta houve dois exemplos claros de que o cinema é um instrumento que potencia e aumenta as vendas de uma marca, aumentando a sua tendência. “Regresso ao Futuro” é um dos exemplos com as sapatilhas Nike sempre em primeiro plano, ou ainda os jeans Calvin Klein, como chama um dos personagens do passado a Michael J. Fox, porque vê a etiqueta na sua roupa interior.
“Top Gun” foi outro filme que marcou tendências. Os blusões de piloto e óculos Ray Ban que hoje continuam na moda, foram definitivamente lançados graças ao filme protagonizado por Tom Cruise.
Como estes existem muitos outros exemplos. Toda a estética russa mudou desde a apresentação do filme “Doutor Jivago” (nesse ano Dior adoptou o guarda roupa do filme como colecção Outono/Inverno).
O cinema é, foi, e continuará a ser um marco de tendências de moda.