Modelos dos anos 90s VS a influência das redes sociais
Por Maitê Karen – @maite_karenfurtado
A revolução do mercado da moda ao longo dos anos
A década de 90 foi responsável pelo lançamento ao estrelato de verdadeiras musas, como o conhecido grupo de supermodelos que revolucionaram a história da moda, com o seu elevado estatuto.
Esse seleto círculo de manequins estampavam as capas de revistas mais importantes do setor, brilhavam nos desfiles mais conceituados do circuito e eram convidadas para os principais eventos e festas de Hollywood.
No fim dos anos 80 e início dos 90 essas belas mulheres já eram consideradas verdadeiras ditadoras de tendências, altas, com as curvas nas medidas certas e com um visual saudável, sendo que o ideal de corpo transmitia uma visão poderosa sobre confiança.
Modelos dos anos 90s VS a influência das redes sociais
Kate Moss e a influência do grunge:
No fim da década, três grandes figuras da indústria foram os principais responsáveis pelas mudanças mais marcantes do mercado, sendo eles Alexandre Mcqueen, Marc Jacobs e a top-model inglesa, Kate Moss.
A última acabou por ser alvo de várias polémicas relacionadas com o uso de drogas e pela exaltação da “cultura da magreza”, que despoletou uma série de padrões comportamentais nas jovens que consumiam grande parte das informações, ditadas pela sociedade.
Os hábitos de Kate, nunca foram uma incógnita para ninguém, visto a sua vida ser um livro aberto, onde ela nunca escondeu ter começado a beber e a fumar com apenas 12 anos de idade, o que posteriormente ocasionou o seu precoce abandono escolar.
A top model foi a grande pioneira da tendência das modelos “heroin chic”, através da qual, observamos uma clara romantização da anorexia e do corpo esquelético.
Modelos com ar abatido e pálidas, antagonizavam com o tipo físico de salubridade como o de Claudia Shiffer ou Cindy Crawford. A isso se chamava “movimento anti-modelo”.
Kate também protagonizou um marco muito interessante para a sua carreira, a icónica campanha para Calvin Klein em 1992, que simbolizou um enorme divisor de águas na sua vida.
Giselle Bundchen, Adriana Lima e a nova onda de modelos brasileiras a alcançar o sucesso:
Giselle – A rainha das passarelles
Ainda no mesmo período, uma nova onda de modelos que viriam a fazer bastante sucesso, surgiu de forma inédita, mas bastante eficaz, através de Giselle Bundchen, principal percursora do movimento que lançou nomes bem-sucedidos como o de Adriana Lima ou Alessandra Ambrósio.
Em 1999 a revista Vogue noticiou o saudoso regresso da “modelo sexy”, o que fez com que Giselle ganhasse um novo estatuto no mundo da moda como pioneira do fim da era da estética “heroin chic”, da qual Kate Moss foi a principal protagonista.
Segundo a Time, a influência de Giselle começou a ser tão expansiva que ela era “uma das poucas modelos de passerelle, que homens heterossexuais sabem o nome”, o que não deixa de ser um feito.
Adriana Lima e a sua beleza exótica:
Adriana, conterrânea de Giselle, é a personificação da mulher ousada, sendo eleita por diversas vezes consecutivos como a modelo mais “sensual do mundo”, segundo o site “Models.com”.
Detentora de uns eletrizantes olhos azuis, que contrastam na perfeição com o seu cabelo escuro e pele morena, foi a modelo que desfilou mais vezes na história da marca de lingeries, Victoria’s Secret, batendo um considerável recorde desde 1999 até 2018, ano que marcou a sua despedida no maior Fashion Show da atualidade.
O universo das redes sociais e a revolução na indústria:
O mercado da moda sofreu inúmeras mudanças ao longo dos anos, devido a novos ideais e pela desconstrução de padrões que durante muito tempo eram impostos com alguma crueldade por parte da sociedade e do estereótipo “perfeito” e “inatingível”, com o qual a maioria das mulheres não se identificava.
Hoje em dia, qualquer pessoa “dita comum”, pode e deve utilizar as suas plataformas digitais, de forma a conseguir um “lugar de fala” com propriedade, que se traduza numa aposta segura de exposição para diferentes pontos de vista e que propicie a criação de bom conteúdo, em diferentes segmentos.
A primeira rede social surgiu em 1995 nos Estados Unidos e no Canadá, chamava-se Classmates, e funcionava como plataforma de conexão entre os estudantes universitários.
Desde essa altura, muitas outras foram implementadas, como o Facebook, HI5, MSN, Twitter, Myspace, Snapchat e essencialmente, o Instagram, que nos últimos anos tem provado o seu valor para além do entretenimento, que engloba uma nova estrutura e ferramenta útil para a criação de novos postos de trabalho.
O curioso caso da nova geração de modelos (instamodels)
Kendall Jenner
Kendall dispensa apresentações. Primeiro por ser integrante do clã familiar mais famoso do mundo, as Kardashians, segundo porque talvez representa na geração atual, aquilo que qualquer uma das integrantes do intocável grupo de top models significava, nos anos 90.
Conforme já diria o ditado, “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” e neste caso em específico, ninguém pode desmerecer a contribuição que a modelo ofereceu para a indústria durante a década de 2010, bastante marcada pela nova geração de manequins.
Contudo, esta visão moderna e atual do conceito de passerelle, baseado em números de redes sociais, nem sempre foi bem aceite pelas veteranas da área, o que despoletou uma enorme discussão sobre se as “instamodels” mereciam ou não o prestigiado título de supermodelos.
O facto, é que mesmo com a polémica instalada entre uma geração e outra, Kendall finalmente conseguiu ser reconhecida pelo seu trabalho (e não pelo show que participa desde pequena) quando ganhou o prémio de Fashion Icon of the Decade, atribuído pelo The Daily Front Row.
Gigi Hadid:
Jelena Noura Hadid, mais conhecida como Gigi Hadid, simboliza um marco importante para a história da nova geração de modelos, visto também ela ser filha de Yolanda Hadid, uma ex-modelo de origem holandesa, que fez sucesso nos anos 80.
Curiosamente, ao contrário da maioria das manequins que inicia a carreira muito cedo, Gigi só começou a desfilar com maior compromisso aos 18 anos, porém ela já tinha alguma experiência, quando posou com apenas dois anos e se tornou Baby Guess, para a prestigiada marca, Guess.
Presença assídua nas redes sociais, depressa se tornou uma das maiores it-girls da atualidade, apesar dos constantes comentários alusivos ao seu peso e contra todas as expectativas em 2015 desfilou para diversos designers conceituados como Marc Jacobs, Chanel, Michael Kors, Jean Paul Gaultier e Max Mara.
Em 2019 foi a modelo que mais vezes fotografou para a Vogue.
Ashley Graham:
Ashley é uma modelo norte-americana muito conhecida pelos seus feitos no ativismo corporal e pelo constante incentivo ao amor próprio e autoaceitação.
Aos 13 anos iniciou a sua carreira com o principal objetivo de mudar os padrões impostos pela comunicação social, sendo frequentemente convidada para participar de discursos e conferências, cujo tema incida sobre o foco da imagem.
Em 2016 foi a primeira modelo “plus size” a posar para a capa da revista Sports Illustrated, através da qual foi responsável pelo movimento de empoderamento e outras questões relacionadas com o feminismo e a confiança da mulher.
No ano seguinte, em 2017, voltou a fazer história, ao desfilar na semana da Moda em Nova Iorque, para o renomado estilista Michael Kors.