Artigo de Opinião | Matilde Teixeira
Quando era criança, sempre me senti insegura, não só como me via, mas por ser eu mesma. Não me importava com os elogios que me davam, a minha perceção era diferente. O pior é que não dizia a ninguém como me sentia, pensava que me chamariam louca ou “queixinhas” pelo que nada nem ninguém me podia ajudar se eu não abrisse a boca para o dizer. Com o tempo e as mudanças as coisas pioraram, não que eu me sentisse feia, mas sim estranha, diferente e, claro, inadaptada.
Ensinam-nos que a beleza é o que deve ser, que a confiança em nós mesmas vai depender muito de como nós nos vemos. Assim crescemos até que algumas, por escolha, começam a desaprender. Não quero definir a beleza como um valor, este exercício pode-se referir a qualquer capacidade ou coisa, porém a beleza exterior é, infelizmente, a mais valorizada pela sociedade para catalogar uma pessoa. Creio que esta situação deve mudar urgentemente, mas não é suficiente dizê-lo, é um preconceito geral que deve mudar desde o interior de cada um.
A segurança e a confiança podemo-la criar em qualquer idade, isto é, se nós crescermos num núcleo em que não se promova ou se dê muita importância à aparência ou a altas expectativas sociais. Mas hoje podemos mudar isso. Hoje podemos desaprender muitas coisas mal aprendidas no passado e viver de forma mais feliz e com tranquilidade.
Como o fazer? Tentando, mudar padrões, despindo-nos dos preconceitos para com os outros e nós mesmas. Trata-se de tentativa/erro, mas se nunca tentarmos ficaremos sempre iguais.
Hoje podemos descartar o ter que pertencer a uma imagem social e trabalhar melhor o nosso coração, e tenho a certeza que se o fizermos a beleza surgirá de forma diferente ou, simplesmente, satisfazendo essa exigência passará a um nível significativamente inferior. Quando começarmos a cuidar do que realmente é importante certamente viveremos mais relaxadas e menos frustradas.
Por fim, é preciso entender que por mais que possamos mudar o nosso exterior, se não mudarmos o interior e fixamos novas prioridades, nunca seremos capazes de alcançar o “suficiente”.
Nunca seremos suficientemente seguras de nós mesmas se nos continuarmos a medir pela a vara social e medos de ser quem realmente somos.