Artigo de opinião | Maria Alves
Falando português claro: barato, ou em saldo? A diferença não é trivial para as marcas, embora no superficial pareça ser o mesmo.
Nos últimos saldos, tentando chegar a casa através de um enorme engarrafamento causado pelo acesso a uma saída conhecida, tive tempo de meditar sobre o assunto, enquanto mentalmente insultava todas aquelas pessoas vindas de cantos distantes da comunidade de Lisboa, impulsionadas por um desejo imparável de adquirir produtos de marca a baixo preço.
Nunca vi uma fila semelhante para comprar num supermercado com descontos ou num category killer – desculpem o novo anglicismo. É óbvio, portanto, que os consumidores gostam de boas marcas e são capazes percorrer algumas dúzias de quilómetros, seguidos de inumeráveis desconfortos, tudo para obter um dos seus produtos a um preço reduzido. É a prova que as “love marks” existem e estão gravadas nas profundezas do nosso cérebro.
Alguns empresários, perante isto tudo, chegam à rápida conclusão de que o que as pessoas estão à procura é de preços baixos. Erro grave de acordo com as categorias: primeiro, os consumidores procuram pechinchas, produtos das suas marcas favoritas a um preço muito inferior ao que normalmente teriam no mercado, ou pelo menos a sua perceção sobre isso. Para comprar um produto simplesmente barato, já o têm todo o ano.

A outra resposta errada é criar produtos de menor qualidade cobertos pela mesma marca. Não citarei nenhum, mas há aqueles que praticam essa estratégia de forma tão flagrante que me perderam como cliente. O desafio para os gerentes de marketing é aproveitar esse desejo sem prejudicar o prestígio da marca. E não se trata de inundar o país com pontos de venda, porque isso esmagaria a sua rede de distribuição.
Alguns encontraram a solução através dos pontos de venda virtuais do tipo BuyVip. É uma forma de manter a margem com um preço facial inferior e ganhar pontos de venda de baixo preço, mantendo o prestígio.
É uma solução, mas existem inúmeras para os pontos de venda. Na verdade, existem, mas todas exigem esforço extra pelas equipas de marketing, vendas e pelos seus fornecedores.
E esforço, é uma palavra desconhecida no dicionário português.