Artigo de opinião | Jorge M. Salgado
Durante algum tempo, evitei abordar a questão da estética corporal, dadas as múltiplas conotações que ela contém. A sua popularidade, o empoderamento social da saúde, o desenvolvimento incomum de múltiplos recursos biotecnológicos e a proliferação de clínicas e métodos, derivam de uma pressão crescente ao alcance de “padrões de beleza”, impostos por uma sociedade que valoriza e dirige o satisfação da vaidade e da beleza do corpo que se tornou repositório do imaginário cultural aclamado, mas também comercial.
De acordo com o género, são as mulheres que frequentemente vão à sala de cirurgia alterar substancialmente o seu corpo, em resposta às pressões sócio culturais, que incentivam a necessidade de um corpo bonito, para fortalecer a sua personalidade e identidade de acordo com certos padrões e imposições dos média. ; sem descartar – é claro – as visões erróneas de fortalecer conceitos de poder codificados nas tendências banais de beleza e moda.
A sociedade valoriza e dirige o satisfação da vaidade e da beleza do corpo
Sem dúvida que esses centros estéticos se tornaram espaços onde a vida e a morte, a dor, o sofrimento, a desesperança, o riso e a comédia, às vezes se entrelaçavam – como sempre – na sua luta sem fim, mas sempre renovada, Num acto único e original, para o bem ou para o mal, eles continuam a prestar os seus serviços, com elenco – seja dia ou noite – responsáveis por apresentar a função.
É claro que, nessa corrida incontrolável para alcançar a perfeição da beleza do corpo, a decisão final está nas mãos do paciente que submete o seu corpo ao bisturi para esculpir nele certos padrões de beleza, mas também deve estar consciente dos riscos latentes e até fatalidade, que podem surgir nessa busca pela magnificência.
É precisamente o bisturi, a ferramenta que em mãos hábeis e adequadas normalmente disseca, libera, dá vida ou, às vezes, termina sem desejar, porque ninguém trabalha de má fé.
As pressões sócio culturais incentivam a necessidade de um corpo bonito
Além dessa discussão, vale a pena voltar à nossa preocupação para uma sociedade que primeiro lugar gera insatisfação corporal com a presença de estereótipos idealizadores de beleza e depois promove abruptamente a operação como solução para esse problema cultural.
Obsessão ou necessidade pela estética corporal?