Será a criatividade uma moda da actualidade? Ou inovação?
OPINIÃO – Numa pesquisa realizada por uma universidade americana, directores e administradores de empresas de moda e têxtil foram questionados sobre qual a palavra mais ouvida no último ano relacionada aos negócios. Entre as palavras mais escolhidas estavam “criatividade” e “inovação”.
Cursos relacionados à criatividade e inovação são abundantes. As empresas repetem como uma mangueira que “a inovação é a fonte da competitividade”. As pessoas recorrem às livrarias em busca do último livro do autor do momento para conhecer as dicas que estimulam a criatividade. A neuro-ciência tornou-se numa matéria quotizada.
Isto é assim? É apenas uma moda, algo como um best-seller ou um aplicativo que surge com crescimento exponencial e depois desaparece? Ou é algo mais central e importante? Se observarmos a evolução da humanidade desde os tempos antigos, podemos ver que os diferentes saltos qualitativos que a humanidade deu foram o resultado da criatividade e inovação.
Tudo o que vemos hoje como normal, nalgum momento foi uma ideia na mente de alguém que depois levou para a prática. Na época do Renascimento, Leonardo Da Vinci era um ícone da criatividade quando passou a ser considerado um dos maiores inventores de todos os tempos. Na verdade hoje lemos livros de criatividade inspirados por esse grande homem.
Nos negócios, desde o advento do novo século, as palavras criatividade e inovação têm sido ouvidas cada vez mais. A chegada da era digital produziu a mudança de muitas coisas, desde a forma de promover e vender modelos de negócios. Todas as novas empresas nascidas relacionadas à tecnologia e aos trabalhadores da geração do milénio têm o mantra da criatividade.
O talento humano nas empresas
As empresas que agora são grandes podem crescer graças ao talento humano das pessoas que compõem essa organização. No final do dia, a Apple não é a grande empresa que é hoje apenas por Steve Jobs. Sem ele, desde logo que não existiria, mas havia e há pessoas muito talentosas que estão a trabalhar, contribuindo com ideias, constantemente criando novos produtos e serviços e mantendo a empresa na vanguarda em design e inovação. O Google foi originalmente um mecanismo de pesquisa e, depois, com a criatividade e o talento das pessoas que compõem o Google, tornou-se uma empresa que oferece serviços transversais para uma ampla gama de sectores e actividades.
Nestes tempos de mudanças tão rápidas, hoje mais do que nunca, urge incentivar a criatividade e inovação. O que é útil hoje provavelmente deixará de o ser em alguns anos (ou às vezes antes). É uma tarefa que desafia desde a educação inicial até a universidade.
Nos primeiros anos de vida, são todos artistas, desenham, inventam, criam. Depois de estudar e perder essas habilidades para “ganhar” outras, que em tempos passados foram fundamentais, e hoje são apenas suplementos para as habilidades mais leves e criativas ligadas especialmente ao hemisfério direito.
Ali onde as empresas podem criar uma cultura que incentive a abertura, pensando de maneira diferente, fazendo e experimentando coisas novas, cometendo erros e tentando novamente, veremos organizações mais bem-sucedidas crescerem, com pessoas mais comprometidas e apaixonadas pelo seu trabalho e isso gera maior contribuição ao país e à comunidade a que eles devem.
Jorge Salgado / Economista