Recuperar e reutilizar são o mantra do pacote de medidas apresentado pela Comissão Europeia esta quarta-feira. Até 2030, os produtos têxteis colocados no mercado da UE deverão ser de longa duração e recicláveis e, tanto quanto possível, feitos de fibras recicladas, livres de substâncias perigosas.
O objetivo passa, em parte, por reduzir a dependência europeia de matérias-primas virgens, promovendo-se ao mesmo tempo a defesa do ambiente. Bruxelas quer inundar o mercado comunitário de produtos criados de forma ecológica e durável. Para isso propõe a criação de um passaporte digital, com a indicação da performance energética dos produtos, por exemplo.
A Euronews informa que “vai ser um código QR que terá respostas sobre a reciclagem, sobre o conteúdo reciclável que é usado para produzir, sobre a durabilidade e sobre as possibilidades de reparação. É um software que terá de alertar para o caráter obsoleto do aparelho”, sublinhou Virginijus Sinkevičius, comissário europeu com a pasta do Ambiente, Oceanos e Pescas.
No que respeita especificamente à indústria têxtil, a Comissão Europeia apresentou uma estratégia para combater os efeitos nefastos da “moda rápida” na cadeia de valor europeia. Bruxelas quer roupas com vida útil mais longa, recicláveis e produzidas de acordo com o respeito pelas normas sociais.
O projeto é visto com bons olhos no Parlamento Europeu, mas Anna Cavazzini, eurodeputada alemã do grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia e presidente da Comissão parlamentar para o Mercado Interno e Proteção dos Consumidores, não escondeu as reservas.
“Só 1% dos têxteis mundiais está a ser reciclado. O resto está a ser queimado ou a encher os nossos terrenos. Por isso, é bom que a Comissão Europeia esteja a abordar a problemática dos têxteis, mas não estou realmente satisfeita com o facto de ser apenas uma estratégia. Isso significa que não há requisitos legais e que são apenas algumas ideias não vinculantes”, registou.