A inveja, aquele sentimento tão humano e ao mesmo tempo tão destrutivo, tem sido objeto de reflexão ao longo da história por filósofos, pensadores e psicólogos. Desde tempos imemoriais, intrigou as maiores mentes e deixou uma marca profunda na condição humana.
Os antigos filósofos gregos já discutiam a inveja e suas implicações. Aristóteles descreveu a inveja não como um desejo benigno pelo que outra pessoa possui, mas “como a dor ocasionada pela boa sorte dos outros”. Não é surpresa que essas dores emocionais muitas vezes deem lugar a um sentimento de maldade.
Na filosofia moderna, a inveja foi analisada a partir de diversas correntes. O existencialismo, por exemplo, vê isso como um obstáculo à autenticidade e à realização pessoal. Segundo Jean-Paul Sartre, a inveja surge da falta de aceitação da nossa própria liberdade e responsabilidade na criação do nosso destino.
A psicanálise, desenvolvida por Sigmund Freud, também abordou a inveja do ponto de vista psicológico. Freud relacionou-o ao complexo de Édipo e à rivalidade entre irmãos, apontando que a inveja pode surgir na infância como resultado da competição pelo afeto dos pais.
A psicologia contemporânea mergulhou no estudo da inveja e suas causas. Reconhece-se que a inveja pode surgir devido a diversos fatores, como baixa autoestima, insegurança, ressentimento e constante comparação social facilitada pelas redes sociais.
Tipos de inveja
1 – Inveja benigna
Esta forma de inveja surge quando admiramos alguém pelas suas conquistas ou posses, mas não sentimos um desejo intenso de possuir a mesma coisa. Em vez de ressentimento, sentimos inspiração e motivação para atingir os nossos próprios objetivos. Gerenciar a inveja benigna envolve cultivar a gratidão pelas nossas próprias circunstâncias e usar a admiração pelos outros como um impulso para o nosso crescimento pessoal.
2 – Inveja maliciosa
Ao contrário da inveja benigna, a inveja maliciosa está impregnada de ressentimento e de desejo de ver o fracasso ou o infortúnio dos outros. Surge quando percebemos que outra pessoa tem o que queremos e experimentamos um sentimento de injustiça ou inferioridade. Gerenciar a inveja maliciosa requer um autoexame profundo para lidar com as nossas próprias inseguranças e aprender a celebrar os sucessos dos outros sem sentir que eles diminuem as nossas.

3 – Inveja competitiva
Esta forma de inveja manifesta-se como rivalidade direta com aqueles que invejamos. Sentimo-nos motivados a superar os outros e provar o nosso valor. Embora a competição possa ser saudável em doses moderadas, quando alimentada pela inveja pode levar a comportamentos destrutivos e relacionamentos prejudicados. Gerenciar a inveja competitiva envolve reconhecer que o verdadeiro sucesso vem do cumprimento de nossos próprios padrões e metas, e não de superar os outros.
Estratégias para gerenciar a inveja
Praticar a gratidão: cultivar um sentimento de gratidão pelas nossas próprias bênçãos e conquistas pode ajudar a neutralizar sentimentos de inveja e ressentimento.
Promover a empatia: tentar compreender as experiências e desafios dos outros pode-nos ajudar a desenvolver uma perspetiva mais compassiva e menos invejosa.
Estabelecer metas realistas: em vez de nos compararmos constantemente com os outros, é importante estabelecer metas realistas e alcançáveis com base nas nossas próprias capacidades e circunstâncias.
Comemorar o sucesso dos outros: aprender a ficar sinceramente feliz pelas conquistas dos outros pode-nos ajudar a cultivar relacionamentos mais positivos e construtivos.
Praticar a autoaceitação: aceitar as nossas próprias imperfeições e limitações é essencial para nos libertarmos do ciclo de comparação e inveja constantes.