Uma análise feita pelos dois maiores sites de pornografia da internet tentou identificar o que atrai um público cada vez maior de mulheres para sites pornográficos.
Utilizando o que chamam de “software analítico”, as empresas fizeram uma atualização de uma pesquisa sobre as preferências femininas intitulada: “O que as mulheres querem”.
O que elas procuram nos sites eróticos
A resposta, segundo a pesquisa, seriam cenas lésbicas, sexo a três e uma categoria chamada “squirt” (ejaculação feminina).
Elas também se interessam em ver sexo entre homens gays.
Estes foram os termos usados em buscas por conteúdo mais populares entre as mulheres. Outros termos procurados são sexo oral, massagens e vídeos de celebridades.
A conclusão é que o número de mulheres que entram nos sites “triple X” aumentou e o que elas mais procuram nesses ambientes são situações que reflitam o prazer feminino.
Preferências
Ainda que vários sectores desta indústria concordem que o consumo de pornografia entre as mulheres aumentou, alguns produtores do ramo, como Erika Lust Film, dizem que a sondagem dos concorrentes Pornhub e do Redtube não é científica e questionam os resultados. O Pornhub e o Redtube são dois sites de internet que oferecem conteúdo pornográfico grátis – apesar de terem conteúdo “premium” por meio de assinaturas. Ambos atraem um tráfego de 40 milhões de usuários únicos por mês.
“Com certeza há um crescimento entre as mulheres, porque as mulheres assistem a pornografia, e toda a população mundial consome mais”, disse à BBC Mundo Pablo Dobner, diretor executivo e cofundador do Erika Lust Films, uma empresa com sede em Barcelona que produz conteúdo adulto sob uma perspectiva feminina.
“Há uma demanda, mas a maioria das mulheres quer algo muito mais sincero, limpo e sexualmente inteligente em relação ao que é possível encontrar na maioria dos outros portais”, afirmou.
Ele chama outros portais justamente sites como Pornhub e Redtube, concorrentes diretos, que oferecem conteúdo gratuito. O Erika Lust Films cobra pelo produto e tenciona entrar numa disputa judicial com seus concorrentes.
Medição
Mencionada a possível disputa judicial, Dobner argumenta que seus concorrentes não teriam como medir de forma precisa a quantidade de pessoas que pesquisam no seu site segundo o género do utilizador.
Isso porque não é preciso escrever nome de utilizador nem criar uma senha. Segundo ele, mesmo se isso fosse necessário, ainda assim não seria possível ter a certeza sobre o género do consumidor.
“Por isso, a sua estimativa de quantos são mulheres e quantos são homens no tráfego maciço que têm não está comprovada”, questionou.
Também há uma polémica relacionada ao tipo de conteúdo que as mulheres preferem ver. Mas Dobner reconhece que as cenas de sexo entre lésbicas são materiais com os quais elas se podem sentir mais confortáveis – porque essas cenas mostram exclusivamente mulheres tendo prazer.
“As mulheres procuram mais prazer feminino e reivindicando que o homem não é o único que tem de desfrutar do sexo e que elas também querem a sua parte do sexo recreativo, que esteve proibido para elas por tanto tempo”.
Comida junk x gourmet
A empresa Erika Lust Films também não tem uma base técnica para saber do que as mulheres gostam. A maioria das produções é pornografia heterossexual, e o site contabiliza 10 mil visitas por dia.
Dobner afirmou que a intenção da sua empresa é criar um nicho de entretenimento adulto com um produto mais acessível para mulheres e casais. Ele compara o produto com o dos concorrentes em termos gastronômicos.
Segundo ele, tanto numa confeitaria como num restaurante de luxo “você come a comida pela boca”. “Mas a experiência é outra. São coisas concebidas de maneira distinta”.
A ideia, no entanto, de que mulheres e homens devem ter gostos diferentes quando o assunto se relaciona com pornografia é contestada por uma leitora da BBC Mundo, site em espanhol da BBC, pelo Facebook: “Na minha opinião, essa ideia de que nós não gostamos do mesmo tipo de pornografia que os homens e que precisamos de boa iluminação e de atores que se beijem muito é um mito associado ao preconceito de que nós mulheres não entendemos o sexo sem romantismo”.