Uma leitora interroga-se sobre o porquê de raramente vermos sorrisos nas passarelas – e se sempre foi assim na moda.
Os modelos de passarela parecem sempre infelizes: porquê? O que há de mal em sorrir? Alguma vez o fizeram? E se sim, quando mudaram as coisas?
Recebemos essa pergunta com alguma frequência de todas as pessoas que veem imagens de passarela durante o mês da moda. Na verdade, os designers às vezes pedem aos seus modelos que sorriam. Giorgio Armani fez isso esta temporada no seu desfile da Emporio Armani. Sonia Rykiel costumava fazer isso com frequência. Ela até fez as suas modelos saltarem na passarela para adicionar um toque extra. E quase sempre era… pavoroso.

A verdade é que é muito difícil manter uma expressão crível de grande alegria quando estás a andar na frente de centenas, senão milhares, de estranhos, todos ali para julgar como estás vestida. Quando os seus sapatos provavelmente não te servem, pois são amostras, e estás muito concentrada em não escorregar ou cair, e estás a desfilar chiffon no inverno ou couro em setembro, quando ainda estão 30 graus, e estás parcialmente cega pelos flashes de um milhão de fotógrafos.
Além disso, embora os outfits tenham como objetivo fazer com que os consumidores se sintam bem, também os devem fazer sentir seguros, fortes, confiantes e protegidos. Michael Kors costumava ter pósteres nos bastidores rabiscados com frases como “domina o quarto” e “anda como se quisesses” para inspirar os seus modelos. Esse tipo de pantomima nem sempre vem com um rosto radiante. Sorrir pode fazer alguém parecer um suplicante, e a moda deve fazer um modelo sentir-se poderoso na sua pele.
Não admira, realmente, que quando um rosto feliz seja necessário, ele se transforme, muito rapidamente, num rito congelado que não alcança os olhos – uma disjunção facial que pode ser muito perturbadora de observar. É difícil a concentração nas roupas quando nos interrogamos se a mulher que as usa tem uma faca escondida nalgum lugar.
Sorrir com a boca de forma real durante uma passarela geralmente parece simplesmente estranho.
Além de um breve período na década de 1970, quando modelos como Pat Cleveland dançaram nas passarelas e venceram a Batalha de Versalhes, ou o momento em 1991, quando as supermodelos de “Freedom!” desfilaram pela passarela da Versace sincronizando os lábios com a música, ou naquela época em 1993, quando Naomi Campbell caiu das suas plataformas Vivienne Westwood e não pôde deixar de rir, os sorrisos raramente foram a expressão preferida da passarela. Olhem para qualquer foto vintage de um salão de alta costura clássico, como Chanel ou Christian Dior, e os manequins ficam totalmente sem piada.
E lembrem-se: ausência de sorrisos não é a mesma coisa que ausência de atitude.
Imagens: divulgação . . Porque desfilam os modelos de passarela sempre sérios?
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